Todas as pessoas passam pelas mãos de um
professor, mas lamentavelmente, a profissão não é respeitada pela sociedade em
todos os sentidos. Pesquisa realizada em 2004 revela que 90% por cento deles
acreditam que a profissão não é valorizada e mesmo assim 87% por cento
sentem-se realizados com o trabalho. Cumprir currículo e prender a atenção dos
alunos são principais desafios.
Investir em Educação não é uma tarefa
simples, requer planejamento e, sobretudo, tempo e paciência para colher os
frutos e começar a enxergar resultados. Discutir Educação significa dimensionar
inúmeras questões essenciais para o bom funcionamento do sistema de Ensino de
um país, como a infraestrutura física das instituições, ações de formação
continuada e diminuição da evasão Escolar e a grade curricular.
Analisar esses pontos – e outros tantos que
merecem a atenção dos governos – é o caminho para começar a se pensar em uma
Educação pública de qualidade, que, no caso do Brasil, é comprometida por uma
questão que, talvez, seja a chave de todo o debate em torno dessa pauta: a
valorização do Professor.
O Brasil é um dos países em que o
profissional da Educação recebe os menores salários do mundo. De acordo com
dados divulgados pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico
(OCDE), os salários daqui são muito baixos, se comparados aos que são pagos em
países desenvolvidos, já que um Professor brasileiro, em início de carreira,
que dá aulas para o Ensino fundamental em Escolas públicas, recebe, em média,
US$ 10.375 por ano.
Por outro lado, Luxemburgo, país que
apresenta o maior salário, paga US$ 66.085 dólares aos seus Docentes, valor
quase sete vezes maior que o do Brasil. As estatísticas fazem parte do estudo
Education at a Glance 2014, que fez um mapeamento das 43 nações-membros da OCDE
e de mais 10 parceiros, incluindo o Brasil.
E quais as consequências da falta de
atenção do poder púbico com os Professores? Podemos listar várias, mas a
principal delas é, sem dúvidas, a desmotivação do profissional, que, para
ganhar razoavelmente bem, é obrigado a trabalhar três turnos e a assumir papéis
de coordenação e até administrativos nas Escolas. Mas essa é só a ponta do
iceberg. Na sua rotina de trabalho, o Professor da rede pública de Ensino no
Brasil, em sua maioria, ainda lida com condições precárias das salas de aula,
falta de material, livros e, não raro, ainda é vítima do abuso e da violência
promovidos por Alunos.
FOTO ILUSTRATIVA/INTERNET |
No entanto, crescemos nos últimos anos.
Alguns programas desenvolvidos no Brasil demonstram que a Educação tem
conquistado um espaço cada vez maior na agenda de discussão do governo, em suas
diversas instâncias, e tem aberto portas significativas para o Ensino dentro e
fora do país.
Além disso, uma importante conquista dos
últimos tempos foi a aprovação da Lei dos Royalties do Pré-Sal, que destinará
75% dos recursos da exploração da reserva petrolífera para a Educação,
garantindo que, até o fim do ano, diferentes setores recebam cerca de R$ 3
bilhões e que, em 35 anos, seja repassado R$ 1,3 trilhão. Temos, ainda, o Plano
Nacional de Educação (PNE), aprovado em junho, que eleva o investimento em
Educação para 10% do Produto Interno Bruto (PIB) do país em 2024. Atualmente,
esse percentual é de 6%.
Com a realização dos investimentos previstos e com o bom
funcionamento (e a ampliação) dos programas do governo, é possível se pensar em
melhores condições da Educação pública, tendo como um dos principais objetivos
a valorização dos Professores, do Ensino básico à pós-graduação, pois uma nação
que não olha para os seus mestres e não entende o seu papel de agente social
dificilmente compreende que educar é um ato político, é preparar o indivíduo
para enxergar o mundo que existe para além de si mesmo. No mês do Professor,
nada mais adequado e contemporâneo do que uma das lições deixadas pelo Educador
Paulo Freire: “Se a Educação sozinha não pode transformar a sociedade, tampouco
sem ela a sociedade muda”.
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