Com o tema “ Território, Devastação e Conjuntura Política” a
Associação de Mulheres Trabalhadoras Rurais de Lago do Junco e Lago dos
Rodrigues, irá realizar uma programação alusiva ao Dia Estadual das
Quebradeiras de Coco Babaçu, nesse dia 25 de setembro no Centro Comunitário da
sede em Lago do Junco.
As 8:00hs da manhã haverá
uma caminhada e em seguida a primeira oficina com o tema “Território e Devastação
Ambiental ” e a segunda com o tema” Perdas de Direitos na Conjuntura Política
Nacional.
A entidade foi representada por dona Joana do Conselho Fiscal,
que esteve hoje (22) no Programa Tribuna 101 da Rádio Cidade FM, onde fez o
comunicado a população.
Quebradeiras
de coco babaçu
Entre a Caatinga e
o Cerrado,
nos estados do Maranhão, Piauí, Tocantins e Pará, vivem as mulheres
quebradeiras de coco babaçu. Elas somam mais de 300 mil mulheres trabalhadoras
rurais que vivem em função do extrativismo do babaçu,
uma das mais importantes palmeiras brasileiras.
Contra uma vida de segregação,
as quebradeiras iniciaram seu processo de luta – denominado por elas de babaçu
livre. O nome advém da “batalha” contra os pecuaristas, que
construíram cercas em torno das áreas de incidência da palmeira, impedindo,
dessa forma, a coleta do coco. Como forma de impedir a livre circulação das
quebradeiras em suas terras, muitos criadores de gado, além do cercamento,
transformaram babaçuais em áreas em pastos, numa atitude criminosa contra o
meio ambiente e a cultura das populações tradicionais.
Fazendeiros, pecuaristas e as empresas
agropecuárias cercaram as terras com consentimento e incentivos dos governos
estadual e federal. Em seu ambiente, as mulheres passaram a ser pressionadas.
Mas a resistência veio a partir da afirmação de uma identidade coletiva e da
certeza de que sua atividade econômica era essencial para a vida delas.
Para fortalecer suas
reivindicações, as mulheres criaram o Movimento Interestadual das Quebradeiras de Coco Babaçu (MIQCB),
no ano de 1995. O MIQCB luta pelo direito à terra e à palmeira de babaçu para
que possam trabalhar e manter a natureza estável, e pelo reconhecimento das
quebradeiras de coco como uma categoria profissional.
A discussão política ganhou força em 1997, quando
foi aprovada, no município de Lago do Junco, a Lei do Babaçu Livre, garantindo
às quebradeiras o direito de livre acesso e uso comum dos babaçuais e impôs
restrições às derrubadas de árvores.
Quebradeiras de coco babaçu
(Foto: Peter Caton/ISPN)
A luta das quebradeiras começou no estado do
Maranhão, na região do Médio Mearim, onde famílias das comunidades Centrinho do
Acrízio, Ludovico e São Manoel, no município de Lago do Junco, conquistaram,
após um longo processo de luta, áreas para morar e produzir. A região havia
sido povoada no passado por posseiros, descendentes de escravos e indígenas.
Até os dias atuais, as
quebradeiras fazem mobilizações para garantir o debate sobre alternativas de
desenvolvimento para as regiões onde existe o babaçu. O movimento é
predominantemente das mulheres, e por isso reserva aos homens um espaço somente
nas danças e celebrações religiosas.
Da árvore do babaçu, as mulheres extraem o seu
sustento. Transformam as palhas das folhas em cestos, a casca do coco em carvão
e a castanha em azeite e sabão. Organizadas, criaram cooperativas para produção
e comercialização de seus produtos, como farinha, azeite, sabonete e outros
derivados do babaçu.
Fonte: MIQCB,
Culturart e artigo de Maria Regina Teixeira da Rocha
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